Para os apaixonados pela arte da escrita, escrever não é fuga da vida, é motivo de viver.
Gostaria de ser como as palavras... Na impossibilidade de sê-lo, sou escritor; assim, mantemos contato.
sábado, 31 de maio de 2014
sexta-feira, 30 de maio de 2014
Badaladas
Olhei para o relógio
Por um momento pareceu que ele também me encarava
Perdi algum tempo o observando
E seguindo o movimento ininterrupto de seus ponteiros percebi
Que o tempo não parava
Quebrei o relógio
Triste constatação a que se seguiu:
Mesmo esmigalhado o relógio, o tempo ainda passava
quinta-feira, 29 de maio de 2014
Deixando Gotham City
O morcego pode até estar partindo por vontade própria, mas certamente frustrado: É duro perceber que um país não pode ser mudado.
Cópia
De rabisco em rabisco, formou-se um desenho. Forma indefinível, chegou a lembrar o que o artista viu no espelho
Arquivados
Passaram o tempo todo a procurar:
-A verdade está lá fora - ele assegurava.
Muito encontravam sem perceber que da verdade estavam a se afastar.
Contágio
Matilde se afastava de muitas pessoas em seu dia a dia: buscava as felizes, capazes de lhe passar ao menos um pouco de alegria.
quarta-feira, 28 de maio de 2014
Titãs - Nheengatu
Interessantes trechos de algumas das músicas do novo álbum dos Titãs, Nheengatu.
Fardado
Britto / Miklos
Você também é explorado
Fardado
Você também é explorado
Aqui!
Porque você não abaixa essa arma
O meu direito é seu dever
Porque você não usa essa farda
Pra servir e pra proteger
Mensageiro da Desgraça
Miklos / Belloto / Britto
Cansei da fome e do crack
Da miséria e da cachaça
Cansei de ser humilhado
Sou o mensageiro da desgraça
República dos Bananas
Mello / Angeli / Possolo / Villani
Peixoto está com o cartão bloqueado
Teodoro esqueceu sua senha eletrônica
Norma vai ter que cortar os seus gastos
Humberto ainda tem uma vaga lembrança
Calúnias sociais
Seus tipos bacanas
Bundas e caras
Da República dos Bananas!
Cadáver sobre cadáver
Miklos / Antunes
No meio do tiroteio
No seio da calmaria
Morrem na guerra e na paz
De fome e de anorexia
Morrem os outros ou os seus
A foice não sacia
Morre o homem, morre Deus
O luto não alivia
Cadáver sobre cadáver
Cadáver sobre cadáver
Quem vive sobrevive
Quem vive sobrevive
Sobre
Cadáver sobre cadáver
Cadáver sobre cadáver...
Pedofilia
Britto / Miklos / Belloto
Não sou eu mais em mim
Não sou eu mais
Sou só nojo de mim
Só nojo, por dentro
Não sou eu mais em mim
Não sou eu mais
Sou só nojo de mim
Só esquecimento
Não, não, não...
Eu me sinto bem
Belloto / Britto / Miklos
Nada pra rodar
Nem tocar buzina
Nada, nada pra lavar
Nem passar sabão
Nada pra variar
Nem virar rotina
Nada, nada pra dar
Nem tirar razão
Eu me sinto bem assim
Eu me sinto bem aonde estou
Eu me sinto bem assim
Eu me sinto bem aonde vou
Flores para ela
Britto / Fabre
Mata e leva flores
Mata e morre de amores
Cala essa boca que isso não é direito
Troca essa roupa que isso eu não aceito
Mata e leva flores
Mata e morre de amores
Cala essa boca, tira esse sapato
Troca essa roupa e vai chorar no quarto
E leva flores pra ela
E faz loucuras por ela...
Não pode
Britto
Não pode entrar aqui
Não pode parar
Não pode ficar aí
Não pode passar
Não pode pular daí
Não tem como ser assim
Não pode comer aqui
Não tem como ser e fim
Se não, não
Se sim, talvez não
Se não, não
Se sim, talvez, não!
Baião de dois
Miklos
O mundo me condena
A vida me ultrapassa
Corre solta
Vira fumaça
Gira em falso
Morre e acaba
Vai pra casa do caralho
Coisa mais sem graça
Quem são os animais?
Britto
Te julgam pela cor da tua pele
Te julgam e te condenam a perder
Te julgam pela roupa que vestes
Te humilham e não te deixam falar
Você tem que respeitar o direito de escolher livremente
Como um velho mandamento
Você tem que respeitar o direito de ser diferente
Como um novo sacramento
Indefinível
Havia algo de diferente em todos os rostos em que esbarrou pelas ruas, mas não conseguiu compreender exatamente o que.
O mais perturbador foi receber de volta o mesmíssimo olhar analítico que lançava.
Quando o trem partiu
A viagem naquela tarde prosseguiu
normalmente até que bateram à porta da cabine da máquina.
-Abra Misael... – Era a voz do
bilheteiro que apelava ao condutor – Pelo amor de Deus, abra essa porta!
Assim que a cabine foi aberta, o maquinista
viu-se diante da seguinte cena: O bilheteiro rendido por dois mascarados que o
aterrorizavam com uma pistola em cada têmpora.
-Pare o trem, homem! – Ordenou um
dos mascarados, fazendo pontaria no peito de Misael – Se fizer tudo certo,
ninguém morre hoje.
Como o condutor vacilasse, o
bandido tratou de explicar:
-Temos quase uma dúzia de homens
aqui dentro. Todos os vagões estão tomados, todos os passageiros dominados. Não
vai querer nenhuma morte em sua consciência, não é mesmo?
Misael freou o trem e ficou
aguardando as instruções dos criminosos. A partir deste ponto, aquele que
mirava a cabeça do bilheteiro passou a dar as cartas.
-Sejamos breves: Sabemos que um
de seus passageiros carrega uma mala repleta de barras de ouro do tesouro
nacional. O que ignoramos é a sua identidade. No entanto, temos a informação de
que você, senhor maquinista, a conhece.
-Não faço ideia do que estão... –
Mas Misael foi interrompido após receber uma forte coronhada, que o levou de
encontro ao chão.
-Sem jogos, que a informação e o
informante são quentes – O agressor grunhiu - Bem, temos duas opções para por
um fim nisso: Ou você nos conta quem é o homem, e isso seria o jeito mais
simples de resolver a questão, ou nós matamos você e o seu amiguinho aqui –
apontou o bilheteiro – e revistamos todas as bagagens da composição, apagando
quantos passageiros forem necessários para encontrar o que procuramos.
-E vocês não querem perder tempo
na busca porque estamos próximos da estação seguinte e os federais não
demorariam a vir assim que notassem a demora – Concluiu o maquinista, ainda zonzo
pela pancada recebida.
-Exato – O bandido coçou o rosto
sob a máscara – E então, o que vai ser?
-O passageiro está na cabine
dezoito – revelou Misael pesaroso - Emanuel González. Este é o homem que vocês
querem.
-Sábia decisão, muchacho! – O
criminoso gargalhou.
O maquinista e o bilheteiro foram,
então, amarrados de costas um para o outro. Assim que os dois mascarados se
afastaram da cabine, o bilheteiro murmurou:
-Então essa é a saída que encontraram
para evitar os assaltos, é? Os agentes do tesouro vão querer o teu couro por
essa, Misael.
-Tenho esposa e um menino
adoentado em casa, filho – O condutor suspirou – Morrer é um luxo o qual não
posso usufruir. Danem-se os agentes e o maldito tesouro!
-Esses bandidos de uma figa se
portaram como passageiros a viagem inteira! – Queixou-se o bilheteiro,
pensativo – Decerto que na hora de entrar apresentaram nomes falsos.
-É provável – Misael concordou.
-Será o bando dos irmãos Gun?
Aqueles dois que nos amarraram tinham até as vozes parecidas – Refletiu o
bilheteiro, ao que o amigo de trabalho pareceu não dar ouvidos.
Repentinamente, uma série de
tiros ecoou. Por longos minutos o mundo pareceu emudecer. Logo, um dos
passageiros chegava à cabine. Enquanto soltava os dois funcionários do trem,
relatou:
-Os criminosos crivaram de balas
um dos passageiros da cabine dezoito e levaram sua bagagem.
-Ele reagiu? – o bilheteiro
questionou.
-Pareceu que não – Respondeu o
passageiro, ainda desatando as cordas.
-Meu Deus! Mataram o homem em
vão! – Exclamou o maquinista.
-Não sei se foi bem assim – agora
o homem terminava com as cordas – Eles o agradeceram por uma “dica”.
-Então o próprio agente era o
delator! – Concluiu o bilheteiro – Mas qual era o objetivo daquela cena toda
aqui na cabine?
-Só poderia se tratar de um plano
para inocentar o homem da “dica” – Deduziu Misael - Mas na última hora os
criminosos parecem ter optado por eliminá-lo, tendo, assim, um elemento a menos
com quem dividir o pacote – voltou-se para o seu libertador – E os bandidos já
se foram?
-Sim. Homens a cavalo os
esperavam lá fora.
O maquinista olhou pela janela da
cabine e pôde ver o trotar dos animais erguendo poeirão lá longe no desértico
cenário cujo fim os olhos perdiam.
Quando o trem partiu, o
maquinista se permitiu sorrir aliviado: O agente assassinado passara por delator
e em breve Misael Júnior teria os remédios de que tão precisava.
domingo, 25 de maio de 2014
O versar do verso
O verso versa
Sem pressa
A algum lugar sempre chega
Alcança até aresta
O verso versa
Sofrendo
Enquanto para alguns anoitece
Para quem o lê está amanhecendo
O verso versa
Matreiro
Com tudo e todos flerta
Com ele não é gol direto, é escanteio
O verso versa
Sem direção certa
Mesmo às cegas, sem pontaria,
Certeiramente acerta.
O verso versa
O que é e o que não pode ser
Versar é para todos
Versar é humano / divino poder
O verso versa
O tempo inteiro
Todo e qualquer sentimento torna-se foco
Dos grandes pesadelos aos maiores
anseios
O verso versa
O inverso
Terra, água, inferno, paraíso
Infinito, universo
Vãs e descartáveis reflexões à parte,
O verso versa
Porque nasceu para versar
Procurar resposta além desta
É partir em sôfrega busca apenas para nada encontrar
quinta-feira, 22 de maio de 2014
Atenção
-Que tipo de mundo é este onde as pessoas só pensam em si mesmas?
Ela estava indignadíssima por as pessoas não lhe darem atenção.
terça-feira, 20 de maio de 2014
sexta-feira, 16 de maio de 2014
Teclas
A magia do instrumento era tão grande que ele foi capaz de preencher a folha mesmo não tendo o que escrever.
terça-feira, 13 de maio de 2014
O Oroboro do caído
r
e
u
g
r
e
e
Não sei se é falta de vontade de me r
Ou se é finalmente chegada a incapacidade de fazê-lo mesmo
Levantar-me somente para em seguida cair;
Frustrante e e
t
e
r
n
o
Tormento
segunda-feira, 12 de maio de 2014
A Cura
Minha noveleta, "A Cura", está a venda na Amazon (acesso AQUI ) em formato e-book. Editora: Navras. Editor: Gustavo Gonçalves.
Sinopse:
"-É destino sim, Piêro. Está claro como a luz do dia. Mas não faça como muitos que se sentem impelidos a fazer algo e, por temor, mera covardia, não o fazem. É destino mesmo... Então se mostre a altura do que praticamente você foi incumbido e abrace a sua sina".
Sem rumo ou objetivo, Piêro utiliza-se da pureza do amor para moldar o próprio destino e fazer a diferença na vida daqueles que o circundam. Mas ele descobrirá que tudo tem um preço, até mesmo a bondade.
O bônus a que a capa se refere é o conto "Evelin, os anjinhos e a dor", que faz parte da antologia "Pequenos demônios", também da Editora Navras.
Assinar:
Postagens (Atom)